Todas as esquinas têm uma história. O mais comum é estarmos tão anestesiados e, em outras vezes, apenas ignorarmos a miséria que o mundo vive. Essas cenas eu tenho enfrentado a vida toda e sempre mexeram comigo, interferindo na minha vida, no meu trabalho e na minha relação com política e dinheiro.
O primeiro sentimento é o medo, a insegurança, mas logo depois vem a tristeza. O sentimento de impotência, porque eu sozinho não posso fazer nada. Posso ali ajudar com um café ou um prato de comida, mas à noite estarão com fome novamente. Certo tempo, eu estava numa situação muito ruim de trabalho e dinheiro. Às vezes, não tinha dinheiro para um almoço. Tento nunca esquecer disso porque é assim que valorizo meu trabalho e meu esforço.
Você realmente entende essa cena quando se debruça sobre ela e ouve as histórias. Essa sequência de fotos foi realizada no centro de São Paulo. Todas elas me marcaram, mas o retrato dessa mulher é o mais impactante. Ela estava sentada na frente do mercado Dia, eu estava dentro ouvindo ela conversar com a funcionária do supermercado; as duas pareciam se conhecer. Cheguei perto dela e perguntei se podia tirar uma foto sua. Ela sorriu e perguntou se era para a Globo, rs. Perguntei se ela queria algo do mercado, ela pediu uma bolacha. Então, fiz a foto. Fiquei ali uns 5 minutos de papo e fui embora. A rua tem sua história e essas falam muito de quem podemos ser em nosso dia a dia.
A oratória de soluções é fácil para aqueles que sempre voltam ao seu conforto. Passei dias com isso na minha cabeça, mais uma cena que me molda como pessoa.